21 fevereiro 2019

Minha versão de você, por Christina Lauren

citação do início do livro (LIN-MANUEL MIRANDA!!)
Esse livro foi de longe minha leitura favorita de fevereiro (mentira, quase empatou com Diga aos lobos que estou em casa), tanto que a devorei em um dia e meio. Talvez tenha sido o livro que mais me fez pensar e repensar diversas coisas e que também mudou um pouco minha visão de mundo. Infelizmente, não tive o prazer de lê-lo em sua versão física dinheiro não dá em trees e desfrutar completamente desta leitura, mas assim que possível tratarei de adquirir meu próprio exemplar! Decidi fazer uma resenha deste pois foi um dos primeiros livros que tratam de um romance LGBT+ que já li na vida (e o primeiro com um protagonista bissexual) e isso é muito legal, já que eu não vejo muitos livros representativos sendo muito comentados (e alguns dos que já vi e li na verdade não foram tão legais quanto a propaganda).

Sobre o livro:
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Nome Original: Autoboyography
Gênero: Romance, Juvenil
Ano da primeira publicação: 2017
Num. de páginas: 352
Sinopse: "Há três anos a família de Tanner Scott se mudou da Califórnia para Utah, fazendo com que sua bissexualidade voltasse para o armário. Agora, com apenas mais um semestre até o fim das aulas no colegial e seu tão sonhado futuro em uma universidade longe da família, ele só deseja que o tempo passe mais depressa. Quando Autumn, sua melhor amiga, se inscreve na aula de escrita e o desafia a participar, Tanner não consegue recusar o convite, afinal de contas, quatro meses é tempo mais do que suficiente para escrever um livro, certo? o garoto está mais certo do que imagina, pois leva apenas um segundo para que ele note Sebastian Brother, o prodígio mórmon que, nas aulas de escrita do ano anterior, escreveu e publicou o próprio livro, e agora orienta a turma. Se quatro meses é muito tempo, um mês pode não ser. E é exatamente esse tempo que leva para Tanner se apaixonar por Sebastian. Mais uma vez assinando como Christina Lauren, Christina Hobbs e Lauren Billings (The House) abordam religião, identidade e sexualidade, entrelaçando perfeitamente as aulas de escrita de Tanner, sua paixão por Sebastian e os problemas surgidos quando os sentimentos de Sebastian entram em conflito com o que a igreja espera dele." | Fonte: meu lindo amigo Google Books

O que mais me chamou atenção nesse livro foi, primeiramente, a capa (sim, eu julguei um livro pela capa. me julguem de volta) — o céu estrelado e o casalzinho são simplesmente irresistíveis demais para não deixar o leitor ao menos curioso. Na CONTRACAPA do livro está escrito que os fãs de Fangirl e Simon VS. A Agenda Homo Sapiens têm uma tendência maior a gostar deste livro, e como li esse último (e o amo de paixão, diga-se de passagem) tenho que concordar que talvez realmente faça parte da receita. Gostei muito da escrita da Christina por ela ser leve e cativante logo nas primeiras páginas, além de super divertida. Estar na mente de Tanner foi uma experiência incrível, afinal este é um personagem com quem é fácil de se identificar e cujo humor um tanto sarcástico nos faz dar boas risadas, mesmo nos momentos de tensão em que nosso coração já quer sair pela boca.

A forma como o Tanner lida com a sua sexualidade estando em uma cidade predominantemente heterossexual, religiosíssima e consequentemente heteronormativa um tanto quanto homofóbica é também muito interessante e fácil de se identificar, e não é necessário nenhum esforço para amar praticamente todos os personagens (desde a melhor amiga e os pais cheios de muito amor e suporte até a irmã emogótica das trevas e o próprio Sebastian, que diga-se de passagem é muito fofo), além de que os conceitos do mormonismo abordados no livro são muito bem detalhados e te fazem saber um pouco mais sobre esta religião e perceber como a religiosidade (e aqui eu não critico religião nenhuma e muito menos aponto o dedo pra falar mal de alguma, apenas falo da RELIGIOSIDADE mesmo) muitas vezes é rigorosa, preconceituosa e impõe padrões que confundem os seguidores que simplesmente não conseguem segui-los. (e sim, o livro me rendeu uma baita reflexão sobre experiências passadas que tive com membros da comunidade mórmon em uma época em que eu era extremamente ignorante sobre o assunto e acabei não somente deixando de entender o lado alheio na história, mas também acidentalmente ofendendo essas pessoas. Quem dera ter sido tão madura quanto o Tanner naquela época!)
"Um Deus digno do amor eterno não julgaria com base em quem você ama enquanto está aqui."
Imagem relacionada
Essa visão de sexualidade versus religião é abordada durante o enredo de forma suave e delicada, fazendo com que enxerguemos além da dicotomia "pessoas que aceitam LGBT+ abertamente VS. homofóbicos malditos". É como abrir uma janela para uma visão de mundo completamente diferente, na qual a homossexualidade de fato não é a vontade do senhor Deus com D maiúsculo — mas ao mesmo tempo, que tipo de Deus com D maiúsculo se voltaria contra algo que seus filhos simplesmente não podem controlar e que eles não sentem que é errado? Por que ele se voltaria contra o amor, que não fere, mata ou prejudica ninguém? Frequentemente somos apresentados a esse tipo de reflexão e a pensamentos contraditórios dessa forma, tanto da parte de Tanner, que não entende como podem todas as pessoas julgarem tanto quando a base para tudo deveria simplesmente ser o amor (a si, ao próximo, a quaisquer deuses e a todas as coisas vivas que forem possíveis amar); quanto de Sebastian, que tenta aceitar encontrar em meio a religião e ao seu Deus uma forma de aceitar sua sexualidade e seu amor por Tanner, principalmente em meio à convivência com seus pais, que são extremamente rigorosos com relação às ditas vontades de Deus.

Recomendo este livro porque acho que religião e sexualidade devem ambas ser discutidas ativamente e porque me fez lembrar que todos nós seres humanos devemos manter a mente aberta, todos os dias repensando nossos valores e reconhecendo que, independentemente de qual deus com sintaxe diferente decidimos seguir, o amor é o princípio de tudo.
"[...] Mas quando eu oro, o Senhor diz que sim... [...] Ele diz que sente orgulho de mim e que me ama. Quando eu beijo você, sinto que é o certo, mesmo quando tudo que leio diz o contrário. E isso me deixa louco."
quotes c: (clique pra ler melhor / descanse o mouse pra ler um recado)

3 comentários:

  1. O título me parece tãããão familiar, mas eu nunca li uma resenha do livro. Primeiramente preciso dizer que é dificílimo encontrar um livro com protagonista bissexual (não hetero, não homo, mas bi), então só por isso Minha Versão de Você ganhou +1000 pontos comigo dksjdks E eu definitivamente vou ler. Me identifiquei muito com o Tanner, não só em relação a sexualidade como ao fato de morar numa cidade pequena onde a comunidade LGBTQ+ ainda é muito discriminada. Também acho que compreendo um pouquinho do Simon; ainda é uma barra pra mim conciliar a bissexualidade com o cristianismo, visto que desde novinha vejo os padres da minha igreja agindo como se fosse um "pecado - perdoável, mas ainda assim pecado".

    Enfim Joana, OBRIGADA POR ME APRESENTAR ESSE LIVRO LINDÍSSIMO QUE QUASE ME FEZ CHORAR SEM SEQUER TER LIDO

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    1. a cabeça de vento aqui esqueceu de perguntar, mas aonde tu conseguiu o pdf?

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    2. oioi!! esse título também já parecia familiar pra mim, o que me faz teorizar que ele até foi bem comentado em alguma(s) rede(s) social(is) há algum tempo, talvez? mas não temos como ter certeza vksjds
      sim! a representatividade bi e pan pra mim e pra todos que se enquadram nessas categorias é uma pauta bem importante, então logo que vi que o protagonista é BI eu pensei: uau. em minha cidade a comunidade LGBTQ+ já tem conceitos mais divulgados e as pessoas entendem bem, mas ainda assim, como gaúcha tenho muito medo de comentar sobre minha sexualidade abertamente e falar sobre isso no blog é muito bom pra mim. não tenho religião, mas minha família é muito ligada à matriz cristã e por isso entendo um pouco do que tu quis dizer.

      de nada, meu anjo, espero que tu goste da leitura!

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